quinta-feira, 11 de dezembro de 2008



Contei a um amigo que pararei de escrever no meu blog, então esse é o ultimo post que estou deixando.


O negócio é o seguinte, quero me divertir com aquilo que faço e me pego tendo que escrever por obrigação, pra manter o blog. O prazer é que forma a alma daquilo que fazemos, e a alma determina o sentimento, a alegria é explicita pra quem lê, tudo é um jogo de bate e volta, alegria irradiada, recebo diretamente esse sentimento.


Falávamos de algumas pessoas que sem assunto se tornam repetitivas, que acham que a quantidade do que elas falam irá influenciar no quanto as pessoas gostarão delas. Eu sou do tipo que acredita na qualidade do que se fala, e o melhor a se fazer quando não se tem assunto pra falar é... calar.


O calar fala muito, diz muito sobre o tipo de pessoa que você é, diz quando você não gosta ou gosta de alguma coisa já que o corpo também fala, os olhos falam, a boca não precisa falar pra falar... (deu pra entender?).


Bem, "com a palavra..." serviu pra dizer muita coisa, me dar alguns cutucões, auto-crítica, pude ler algumas das coisas que vivi me sentindo fora da situação. Agora me traz uma reflexão: Preciso mesmo estar com a palavra pra poder falar? Geralmente, quando vamos ouvir alguém trazer uma ministração sobre algum assunto, alguém apresenta o sujeito e diz: Com a palavra, Fulano de Oliveira Tal.


Não, na minha vida não preciso ser anunciado, não preciso de microfone pra me fazer ouvir, não preciso pronunciar uma única palavra pra dizer o que sinto, e por hora me calo... ... ... (xíiiiiiuuuu) Tá ouvindo?... O som do silêncio.




sábado, 6 de dezembro de 2008

Liso, leve e solto...


Lí em um blog um post contanto as aventuras de uma mulher durante a dolorosa depilação na virilha. Fiquei pensando a respeito, teve uma época em que resolvi fazer a barba com cera, estava com raiva de mim, queria torturar-me, auto-flagelo. Durante as seções, lágrimas corriam pelo meu rosto, doia demais...



Muitos homens, hetero ou homo, fazem depilação de peitos e costas, alguns depilam até braços e pernas, mas comecei a imaginar como seria a depilação anal. Imagino a cena, (como no fantástico mundo de Bob), você deitado numa maca de ladinho, segurando a banda da bunda com a mão, a cera quente sendo aplicada com um pedaço de pau, um puxão sem dó nem piedade, e o que sobrava das pregas já não existe mais, considere-se uma bicha completamente descolada.




Claro, cu peludo e bicha passiva não rola, assim como inestino que funciona regularmente também não, só tem uma diferença, pacsivia não te livra dos pelos. O negócio então é apelar para o bom e velho aparelho de barbear, e desse jeito dá até pra rolar uma brincadeira gostosa! Convide o namorado ou o ficante pra te ajudar, muita espuma, um barbeador com cabo bem lisinho... você de quatro, ele faz o trabalho pra você, brinca com o cabo do aparelho. Pode ou não ser divertido?




Se você amigo, gosta de receber uma cunete, então deve estar preparado para isso, não tem nada pior do que enroscar pêlos no dente. E tem mais, todo cu merece ser liso, leve e solto.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Todo gay já nasce um lutador de Jiu Jitsu!


Um amigo me contou que está praticando artes marciais, específicamente Jiu Jitsu.

O Jiu Jitsu (em japonês 柔術, literalmente jū, "flexível", "suave" e jutsu, "arte", "técnica", "prática") é uma arte marcial japonesa, que utiliza golpes de articulação, como torções de braço, tornozelo e estrangulamento, para imobilizar o oponente. Basicamente usa-se o peso do adversário contra ele mesmo. (fonte Wikipédia)


Você já viu uma luta? Eu não posso me arriscar a participar de uma pegação dessas, é muito excitante!

Imagine comigo a cena: Você deitado em um tatame, pernas levemente dobradas, alguém sentado em cima de você, exatamente lá... você coloca sua mão sobre a coxa do indivíduo para tentar inverter posições, e em movimentos rápidos de mãos e pernas você o coloca alí, de quatro, você abraçado a ele para neutralizar seus movimentos...

Bem, não sei quanto a você, eu já estaria de pau duro e no mínimo toto babado. Dizem que os lutadore de Jiu Jitsu são extremamente homofóbicos, não sei o que pensar a respeito, seria por acaso uma inverção de valores, eu combato aquilo que me atrai?

Veja só:





Agora me diga, onde posso me matricular com segurança?

terça-feira, 25 de novembro de 2008

andanças... parte II


Pois em Florianópolis foi tudo de bom, os amigos Carlos e Silvana se empenharam em fazer-me sentir bem. A conexão que era para o mesmo dia durou até segunda a noite.


Na noite de sábado a Silvana trouxe um violão para a casa do Carlos, violão e cerveja, ficamos muito tempo cantando e rindo, mais rindo que qualquer outra coisa. Sabe quando você se identifica com pessoas que mal conhece, mas sente que são amigos desde... desde sempre! Foi isso que sentimos, puro magnetísmo instantâneo.


No domingo, o Carlos me levou para o Samba num bar que é um rancho a beira da praia, muita gente inteligente, com samba na alma, samba de raiz. Até arrisquei-me a dançar, e ninguém entendeu nada, um neguinho no meio de um monte de branquelos e... sem samba no pé? rs

Enfim, me diverti muito, e não carrego o samba no pé, mas o meu coração bate em seu compasso.


Segunda, fomos ao centro da cidade e depois... praia, e que mar...


Tudo muito lindo, mas o que carrego comigo são as amizades que fiz, o desejo do reencontro, poder abraçar novamente e nem precisamos fazer nada, a proximidade já me realiza.

A noite de ontem...


Uma amiga do Rio que está em São Paulo me ligou ontem pra nos vermos, fomos a um jantar temático Espanhol no restaurante do Hotel que ela se hospedou na região da Berrini. Tomamos muito vinho e estávamos pra lá de alegres, bebados nunca. De repente uma voz de trovão rompeu o restaurante, um cantor espanhol, acompanhado de bailarinas e alguns músicos, lindo rapaz...


Enfim, o que era bom ficou ainda melhor quando ele, que nem precisava cantar para encantar, resolveu levantar e dançar, num movimento de mãos e pés, a camisa solta subia e deixava a barriga a mostra, desci pelo caminho da felicidade, calças malvadas bloqueavam-me a visão. O que era aquilo? Passei mal!...


Mas acabou, como tudo o que é bom, só pra não enjoar. Continuamos bebendo o nosso vinho e o papo seguiu por um caminho que me trouxe grandes revelações. Essa amiga, casada, mãe de família, me contou uma vez que o sonho de seu marido era vê-la na cama com outra mulher, na verdade, ele queria estar na cama com duas mulheres, ver movimentos de línguas e entrar na brincadeira ativamente, se é que posso dizer assim.


Pois bem, eles tiraram alguns dias de folga e resolveram fazer um cruzeiro para o Caribe. Conheceram algumas pessoas muito legais, e um rapaz lhes falou de uma menina, linda, mas... ela gostava de outras meninas! O marido ficou todo animado, mas não fez nenhuma proposta, ele acreditava que minha amiga jamais seria capaz de fazer algo desse tipo. E não é que ela cruzou com a menina no navio? Ela não se vê como lésbica ou bissexual, mas disse que não suporta que alguém duvide da sua masculinidade, (rs), brincadeira, ela disse que não admitia que duvidem que ela possa fazer alguma coisa. E partiu para o ataque, começou flertar com a garota... Papo vai, papo vem, marcaram de se encontrar na cabine durante a madrugada. Não dava pra acreditar, não é que a menina apareceu, o marido estava com outros homens no bar, elas foram para a cabine e por alguns minutos ficaram papeando. Minha amiga sentou-se na cama e tirou os sapatos, reclamando de dor nos pés...


"_Você tem creme?" Perguntou a gostosona.


"_Tenho esse." Respondeu a amiga, Vanilla da Victória Secret.


Começou a seção de massagem, pés, pernas... subiu! Elas começaram a se tocar, se beijar... O marido entrou sem acreditar no que estava vendo.


"_Ele pode ficar?" Perguntou minha amiga.


"_Claro!" Mas nem notou que ele estava ali, estava muito ocupada.


Ele nem pensou, já tirou a roupa e foi logo participar da festa, pôde realizar sua fantasia, na cama com duas mulheres lindas.


A essa altura da conversa, achei que a história acabasse ali, mas não, o vinho foi propício para deixar fluir muitas revelações...


Temos uma outra amiga em comum no Rio, casada, mãe de família, assim como minha amiga. Pois bem, um dia as duas estavam em casa, os maridos saíram para comprar carne para um churrasco de última hora... papo vai, papo vem,... As duas acabaram na cama, minha amiga diz que nunca teve um gozo tão farto como naquele dia, simplesmente demais...


A amiga em comum, continua vivendo sua vida, bissexual e feliz, muito feliz.


A amiga que me contou a história? Bem, ela não se sente bissexual, vive com seu marido e jura que nunca mais teve vontade de viver uma transa a três, ou mesmo apenas com uma mulher. Até que tenha vontade novamente, ela é aberta, se rolar...


E eu? Bem, fiquei embasbacado com o momento bolachão de minha amiga. Decepcionado? Nunca! Eu adorei saber, me senti muito feliz pela confiança, (e ela sabe que a história viria parar aqui, fui autorizado), privilegiado.


O que quero, de verdade, é ver os amigos felizes, querendo-se, amando-se... eu mesmo, tenho amigos de beijar na boca, amigos de levar pra cama... e eles continuam lá, sempre meus amigos! É uma questão de localização, cada um no seu cada qual.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

andanças...


Tenho uma conta no sônico e um dia, enquanto conectado, alguém resolveu me adicionar. Um rapaz de uma cidade no interior de Santa Catarina. Assim que ele fez a solicitação aprovei o seu pedido de amizade e mandei uma mensagem de boas vindas, que foi respondida por ele imediatamente.


Passamos a teclar no msn logo em seguida, papeávamos muito, nos identificamos em vários pontos em comum. Perguntei sua idade, 36 ele respondeu, e depois de sempre me relacionar com gente de mais idade, achei que aquela seria uma oportunidade de estar com alguém da mesma faixa, acreditanto que os pensamentos seriam parecidos, sei lá, uma mesma geração já que hoje tenho 33 anos. O fato de morar longe pra mim era bem tentador, sabe aquele lance de não ter pegação de pé, de você poder sair sem ter que dar satisfação, de se divertir sozinho, (sem necessáriamente ter que aprontar), enfim, fazer o que se tem vontade na hora que bate a vontade.


Nós falamos por um mês por telefone e internet, então resolvemos nos conhecer pessoalmente e fui fazer uma de minhas viajens, andanças. Cheguei, eu já o conhecia por fotos, mas... aquele rostinho "experiente" não tinha 36 anos, ou se tratava de alguém muito sofrido que trabalhava de sol a sol em uma plantação de mandioca, sei lá, mas não dei importância ao fato, haveria uma explicação que eu saberia a diante.


Foram três dias agradáveis, percebi muita carência por falta de companhia, eu adoro carinho, mas não a todo momento, achei que era coisa do momento, que ia se adequando com o tempo e deixei pra lá. Agora, tinha algo que me incomodava, os diminutivos, gostosinho, bunitinho, fofinho, ui, ui, ui... aquilo me tirava do sério. Eu precisei falar, senão não ia pra frente, quis salvar o relacionamento no início. Bem, ele disse que se policiaria e eu acreditei. Voltei pra casa e continuamos nos falando.


No meio das conversas, o assunto idade estava me incomodando, resolvi perguntar e ele disse que precisava mesmo falar comigo sobre o assunto, e que na verdade ele tinha 47 anos, 11 a mais! Eu perguntei porque ele havia mentido, ele disse que não sabia se a relação iria pra frente e sei lá, resolveu mentir mas se sentia mal por isso. Deixei pra lá.


De repente um assunto me incomodou, ele sugeriu que eu fosse morar com ele, contei a minha história, do relacionamento rompido por ter saído da minha cidade pra morar em outro lugar e disse que isso não iria acontecer, se ele quisesse mesmo, teria de ser da forma como estava, o que pra mim estava muito bom.


Quase um mês se passou, sobrou um tempo entre trabalhos e resolvi passar alguns dias com ele, uma semana pra ser mais exato, e foi bom isso ter acontecido, muita coisa foi esclarecida a partir de minha chegada. Primeiro, percebi que os excessos de mimo e os diminutivos persistentes continuavam, comecei a imaginar como seria uma semana inteira com aquilo. Depois, eu sentava na internet pra conversar com os amigos e ele ficava lendo, isso me perturbava, a falta de confiança me desorientava de tão descabida que era. Eu não passava o dia na internet, separava 30 minutos para isso num dia de 24 horas. Adicionei o amigo de um amigo no orkut, que por sinal namora e é muito feliz em seu relacionamento, ele não entendia o motivo, não tinha motivo, nós nos falamos e pronto, começamos a falar por msn, isso com ele ao lado. O rapaz gosta de explorar cavernas, é amante da espeleologia, e falamos unicamente sobre isso, ele observava tudo atentamente. Por fim o estupim, chamei um grande amigo de lindo no orkut, pra ele foi a gota dágua, se levantou espumando, fez uma piadinha infame e se trancou no banheiro. Tão rápido como bateu a porta e trancou, destrancou e abriu novamente, disse que precisava falar. O que ví em seus olhos naquele momento definiram o termino de nosso relacionamento, tratava-se de uma pessoa totalmente passional, e corro desse tipo de relacionamento, sou expansivo, não sirvo pra viver exclusivamente pra ninguém.


Ele disse que não entendia esse meu tratamento com as pessoas, eu chamo os meus amigos de lindo, de bonitão, de amor e que se não tinha mudado em 33 anos, não seria hoje que faria diferente, muito menos por ele. Chegou ao extremo de dizer que estava achando aquele papo com o "homem das cavernas", seria um disfarce para ele acreditar que não havia nada entre nós. Oras, eu vivo em São Paulo, o paraíso das possibilidades para os gays, o rapaz também vive aqui. Acha que eu viria até Santa Catarina pra fazer isso na frente dele? Ele pediu desculpas, mas percebi que era apenas pra não me perder, ele também leu nos meus olhos a palavra acabou. Conversei com ele no dia seguinte e disse que não dava, essa não era a vida que eu queria levar, ele pediu pra eu não fazer isso, disse que era geminiavo, (o que isso tem a ver?), que era praticamente um camaleão, que se adequava fácilmente.


Eu não podia ir embora aquele dia, fui inventar de fazer um mosaico pra ele, bem grande por sinal, e não queria deixar o trabalho pela metade, resolvi levar aquilo em banho maria até terminar o que havia começado. Sexta-feira chegou, terminei o trabalho. Já tinha visto os horários de ônibus, só tem um ônibus pra São Paulo por dia, e o daquele dia já estava lotado, não suportava ficar mais um dia naquele lugar, lembrei-me de uma amiga que é uma irmã pra mim, ela tem amigos em Florianópolis, sairia um ônibus da cidade em que estava para Floripa às 06 da manhã e essa era a oportunidade de sair de lá, o ônibus de Floripa pra São Paulo sairia às 18 horas, Paulinha falou com seus amigos e eles sem pestanejar aceitaram me receber para dar o horário da conexão.


Bem, fui comunicar minha decisão, ele me olhou com aquele mesmo olhar, disse que não entendia, mas tentou demonstrar um pouco de instabilidade emocional, disse que não era tão apegado ainda e que não seria difícil me esquecer. O ônibus sairia no sábado pela manhã, dormi com um olho aberto e outro fechado aquela noite, coloquei o celular pra despertas às 04 da manhã, parece que pisquei os olhos e o celular despertou. Ufa... que alívio, estava vivo e poderia sair dali.


Entrei no ônibus e durante a viajem começei a receber mensagens com insultos, coisas de adolescente passional, me sentia aliviado por não estar alí, minha vida estava em segurança, ignorei os insultos. Minha chegada em Florianópolis foi excelente, de cara encontro com a Silvana, uma manezinha da ilha que tem alegria por sobrenome, foi me buscar para levar a casa do Carlos, um outro amigo querido. O que era para ser uma conexão tornou-se um final de semana dos melhores, mas isso é assunto para um outro dia...

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Barrado no clube de sexo - Parte II


Quem não leu a parte I dessa saga, por favor clique aqui e fique a par do início desse meu drama pessoal...


Novembro, a cidade não me rec0rdo bem, (melhor não comentar)...

Fui passar o feriado por lá, cheguei com bagagem suficiente para quatro dias.
Ele: "_Só isso?"

Eu: "_São só quatro dias!"

Ele: "_Quatro dias? Fica comigo pra sempre, não quero mais ter que te levar pro aeroporto, é doloroso ter que me despedir."

Ahhhh... suspiro novamente ao lembrar, que história linda! Nem preciso dizer que não foi preciso muita força pra me convencer a largar tudo por aqui e viver essa aventura interestadual, no sábado estava em casa, viemos de carro para São Paulo buscar o restante da minha bagagem.

Quando eu entrei em casa minha mãe se assustou, quando disse o que tinha vindo fazer ela se assustou novamente, me chamou de maluco, disse que eu tinha perdido o juízo. Claro que eu tinha, já encarou aquele olhar verde? Pois bem, dormimos em um hotel aquela noite e seguimos rumo ao desconhecido no domingo pela manhã.

Desconhecido sim, nós nos víamos regularmente, nos amávamos e tudo, mas o convívio é diferente, até então era o "só love", agora era conviver com as manias, com o pentelho grudado no sabonete, o apertar a pasta de dente no meio, os temperos que um gosta e outro não, enfim, iríamos nos descobrir, começar do zero.

E foi tudo muito bom, vivemos meses de muita felicidade, mas uma coisa estava complicada, eu trabalhava numa loja em um grande shopping, uma loja de designer e objetos, adorava o que fazia por lá, mas tinha uma única folga por semana, era difícil vir a São Paulo pra ficar aqui um único dia, sentia falta dos meus filhos. Peraí,... eu não contei a história desde o começo? Desculpem-me esqueci de mencionar esse detalhe! Sim, eu fui casado por oito longos anos, tive dois filhos que fazem dessa experiência heterosexual a melhor coisa que já fiz na vida, sem direito a arrependimento, mas passou, acabou, não deu pra sustentar e essa história completa eu conto pra quem quiser me perguntar. Agora vamos continuar...

Estava realmente difícil, sentia-me um canalha, meus filhos sentiam a minha falta, era difícil estar sempre com eles, parecia estar trocando o amor dos meus filhos, sentia a necessidade de fazer uma escolha difícil. Pensei alguns dias, resolvi tomar uma atitude drástica, sabia que se fosse discutir com ele o assunto tudo seria mais difícil. Conversei com minha gerente, ela entendeu minha situação e me pediu pra continuar trabalhando até o dia 21 de janeiro, exatamente o dia do meu aniversário, comprei uma passagem para o mesmo dia e guardei, resolvi deixar pra contar no último momento, não sei se fiz certo ou errado, mas foi o que achei melhor para aquele momento.

Dia 20 de janeiro chegou enfim, sentia um bolo na garganta que tornava quase impossível respirar, cheguei do trabalho e ele já estava em casa, disse que precisavamos conversar. Quando falei o que estava acontecendo, acho que o condomínio inteiro podia ouvir os gritos dele, me chamou de frio, de calculista, disse que eu queria acabar com a vida dele, achei que fosse me jogar pela janela do apartamento. Um silêncio,... choramos,... ele disse que não podia me levar ao aeroporto. Arrumei minhas malas, acordei no dia 21, precisava trabalhar até às 14 horas, meu vôo estava marcado para as 18. Me despedi ao sair para o trabalho e já levei tudo. Ele não virou na cama, não se levantou, não me beijou na despedida e eu não podia culpá-lo.

Foi o pior dia de trabalho, não tinha cabeça para nada, fiz apenas número na loja aquela manhã. Quase na hora de sair um bezouro de óculos escuros enormes e rosto molhado pousou na loja, ele tinha ido me buscar pra me levar ao aeroporto, o que estava ruím ficou ainda pior quando me coloquei a chorar com a loja cheia!

"_Alguém morreu?" Perguntou um cliente a uma colega. Ela respondeu que sim, e não estava mentindo. Depois de me despedir de todos, ele me levou ao aeroporto sem dizer uma única palavra, eu também não quis abrir a boca, não tinha mais nada pra dizer, só queria dizer o quanto aquilo estava sendo difícil pra mim, mas nada ajudaria.

Hora da despedida, estavam chamando o meu vôo nos falantes. Nos olhamos, as lágrimas correram, nos abraçamos e nos beijamos sem pensar em nada, foi um beijo demorado que dizia tudo o que era necessário.

Nos vímos uma única vez depois de tudo, mas combinamos que não nos veríamos mais... ainda nos falamos, trocamos carinhos pelo telefone e falamos coisa que só nos dois entendemos, alguma coisa sobre sonhos e últimos momentos.

Me lembro com saudade daquele amor, e o texto Samba Canção é dedicado a esse amor.

16º MixBrasil - Festival de Cinema da Diversidade Sexual

Fui ao Espaço Unibanco de Cinema ontem assistir ao Festival MixBrasil. Ví a seção de curtas, "Sangue Latino", que trazia 6 contos sendo eles:

"Espiando o homem", um homem trancado no reservado de um banheiro público para satisfazer oculamente seu prazer, sem perceber ele também é fonte de prazer e inspiração.

"Elas se amam", duas mulheres funcionárias de uma fábrica são acidentalmente confundidas como lésbicas. Acabo percebendo que. se o curta fosse longa, elas ao final acabariam por se descobrirem de fato.

"Ultimo pedido", o melhor da noite na minha opinião, um misto de drama e comédia em torno de um último pedido de um prisioneiro antes de sua execução.

"Nick", o fofo. Uma adolescente é apaixonada por um colega de classe, e lhe envia mensagens assinando com um nickname, gerando um pequeno mal entendido entre amigos.

"Tibira é Gay". Quatro descendentes de índios assumem e comentam sua homosexualidade, não sei se era comédia, mas riu-se muito no cinema.

E por fim, "Bramadero". Silêncio no cinema, ninguém respirava... gostaria muito de contar esse mas não posso, estava tão perturbado naquele momento que só agora consegui entender o filme, precisei me esforçar... Cenas de nudez e sexo explícito, nenhuma palavra, nada foi dito verbalmente...




sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Barrado no clube de sexo...



Lí ontem no blog despautério uma postagem entitulada luxúria, e me lembrei de uma história que começou graças a ela, a própria luxúria, e terminou em amor.

Resolvi um dia conhecer um clube de sexo, um verdadeiro playground para os feticheiros de plantão, com tudo o que há de mais exitante para os amantes da prática, e sempre fui assim, bateu vontade, faço!

Pois bem, pesquisei na internet algumas opções de lugar e escolhi o que me parecia mais discreto pela localização. Cheguei no endereço, meio sem jeito, dei uma volta pelo quarteirão para analisar a vizinhança, como se as senhoras moradoras daquela região fossem clientes da casa, enfim, um pouco de cautela não faz mal. Ainda assim estava meio ressabiado, sei lá, parecia que todo mundo sabia o que eu iria fazer ali dentro, mas enfim, tomei coragem e entrei.

Era um lugar bem arrumado na região da Vila Mariana, nem sei se ainda existe... Sim, existe, acabo de consultar no Google. Um lugar agradável, clean, sem cheiro de mofo.

Enfim, estava lá dentro, peguei a chave de um armário e fui tirar a roupa, é proíbido permanecer vestido. Cumprido o ritual, fui conhecer a casa, estava saindo do vestiário quando me pegaram pelo braço, levei um susto daqueles, achei que fossem me amarrar, (já fiquei até animado), mas não, alguém que eu nunca tinha visto, (e que visão era aquela), me parou e perguntou o que eu estava fazendo ali.

O que "eu" estava fazendo ali? O que "ele" estava fazendo ali?! Que loucura, estavamos ali para fazer a mesma coisa! E foi o que respondi, disse que estava ali fazendo a mesma coisa que ele. E de supetão ele respondeu: "_Então vamos embora comigo, já que vc está fazendo o mesmo que eu!..."

Não pensei,... não questionei,... não respondi,... coloquei minhas roupas e saí de lá, sem saber sequer o seu nome. Eram olhos verdes caramba,... aquele olhar me abalroou, e só via um rumo, segui-lo!

Fomos conversar em um bar, um boteco alí de perto, nos apresentamos durante o caminho, falamos muito sobre nós e acabamos em um quarto de hotel fazendo aquilo que tinhamos ido fazer no clube, só que sem a platéia e acessórios. Ah, o quarto de hotel? Ele não morava em São Paulo, estava aqui a trabalho. Mais tarde, fomos dançar, era uma terça-feira, fui apresentado a D-edge, lugar que considero mágico até hoje.
Continuamos nos vendo nos meses seguintes, vivíamos na ponte aérea, horas ele, outras eu... até que cansamos de ir e vir e resolvemos ficar juntos, mas essa é outra história, conto em uma próxima.
Parte II

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Agora!


Hoje amanheci com um descontentamento inexplicável, um peso na alma, uma agonia e inquietação, vontade de ficar de mal com o mundo e descontar em alguém em especial.


Lembrei de um trecho de um poema de Álvaro de Campos, heterônimo de Fernando Pessoa que diz o seguinte:


"Seja o que for, era melhor não ter nascido,
Porque, de tão interessante que é a todos os momentos,
A vida chega a doer, a enjoar, a cortar, a roçar, a ranger,
A dar vontade de dar gritos, de dar pulos, de ficar no chão, de sair
Para fora de todas as casas, de todas as lógicas e de todas as sacadas,
E ir ser selvagem para a morte entre árvores e esquecimentos..."


Não sei o que a vida me reserva quanto as minhas expectativas de realizações profissionais, o encontro de algum novo "grande amor", aff... ainda tenho tanto que experimentar, nem sei quantos sorvetes ainda não provei...


Preciso utilizar desse momento como alavanca, um impulso pra sair da mesmice que me atordoa, de verdade, preciso acontecer, não apenas ter ou ser, acontecer.

Que país é este?


"Ministério constata aumento de trabalho escravo em Estados onde há expansão da produção do etanol", diz a manchete do Uol Notícias.


O etanol sendo produzido com a falsa desculpa de manutenção da vida no planeta através da utilização dos biocombustíveis, desrespeitando o que de mais importante o planeta tem, a vida, o indivíduo e a liberdade.


O enriquecimento dos grandes produtores as custas de nada,... é isso que um escravo custa, nada!


Peço um empréstimo a Gonzaguinha pra dizer:


"A gente não tem cara de panaca, a gente não tem jeito de babaca, a gente não está com a bunda exposta na janela pra passar a mão nela."


E faço coro aos que vivem nessas condições:


"A gente quer viver uma nação, a gente quer é ser um cidadão!"

samba canção


Não vi de onde veio,
Só sei que me atingiu,
Acertou-me em cheio, me partiu.

E juntou e embaralhou,
Deixou-me em desordem...
E sempre volta e bagunça outra vez.

Até que gosto,
Sem vergonha que me tornei, devasso.
Ah, se eu acerto o teu compasso!...

Ainda aprendo a tua dança, nego,
Esse samba rasteiro que me põe no chão
Tonto de vê-lo gingar.

E tonto de ver os seus olhos na minha direção,
Olhar verde que vê um tudo diferente...
... ... ...

E quando me confundo com a sua ótica
Sinto pena de mim,
Escravo desse olhar tão falsamente sutil.

(Willians Toledo)


quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Por trás de um mundo de ilusões






Ontem resolvi sentar um pouco no banco da praça aqui ao lado de casa pra ficar sem fazer nada por alguns instantes, uma moça chegou e me cumprimentou, sabia o meu nome e eu,... (quem é essa pessoa?), ela percebeu minha cara de indagação e se apresentou, foi colega minha de escola, nos tempos de ginásio, nunca mais tinha visto e ela mudou um bocado, sem aparelhos e óculos fundo de garafa, puxa, como o tempo lhe fez bem.


Moça bonita, bem arrumada, foi levar os filhos pra brincar na praça, três crianças lindas e adoráveis, e olha que apesar de ser pai, não tenho muita paciência com criança, mas pra mim três crianças que brincam tranquilas enquanto a mão pode conversar, puxa, que passo para a evulução.


Bem, começamos a falar e não sei porque ela resolveu se abrir comigo. Sabe quando alguém está precisando desabafar e sente-se aliviado por encontrar qualquer pessoa que transmita alguma confiança? O que ouvi foi muito pesado, me fez pensar nos problemas, cada um tem o seu, e todos acreditam que é o pior, mas tudo é uma questão de ponto de vista.



Ela é casada, como disse tem três filhos, vive uma vida confortável, mora em uma casa linda, tem um marido lindo, (mostrou-me fotos e tive que segurar-me para não suspirar), enfim, tudo o que muita gente acredita ser necessário para ser feliz.



O marido, pelo que ela me contou, um ser adorável, faz de tudo pra realizar todas as suas vontades, viajens, shows, bons restaurantes, roupas e acessórios, enfim, ela fez aos olhos de muitos um casamentão.



Mas tudo muito perfeito, alguma coisa devia estar errada, ela não me parecia feliz. Percebi uma aflição escondida por trás do mundo cor-de-rosa, um grito que ecoava em silêncio e eu consegui ouvir um pedido de socorro. Perguntei o que faltava, o que ainda ela não tinha e nem me espantei quando ela me disse que precisava de paz.



O marido, aquele ser perfeito ao olhar de muitos, tem um problema muito grave, é usuário de drogas e tem se afundado a cada dia mais nessa estrada que oferece poucas opções de retorno. Ele sempre gostou de bebidas, bebia socialmente e ocasionalmente tomava uns porres, o que é muito comum, só que aos poucos ela percebia que ele se distanciava, o sexo foi diminuindo, ele ficava mais tempo fora de casa. Uma amante, ela logo desconfiou, começou a marcar em cima, ligar pra saber onde ele estava e depois de algumas discuções, ele revelou o nome da amante, cocaína.



Já faz tempo que ele é usuário e ela convive com isso a alguns anos, ele trabalha, cumpre suas obrigações, é um bom pai, mas falta como marido, não consegue mais manter relações com a esposa. A alguns meses, ela o surpreendeu no banheiro de seu quarto, ele andava meio esquisito, ficava muito tempo enfiado dentro do banheiro, mas ela não tinha noção do que estava acontecendo, foi um choque ao descobrir que ele estava fumando pedras de crack, e como vêmos e conhecemos, o crack é um sub-produto da cocaína, e traz efeitos devastadores e irreversíveis ao cérebro.



Ela chorou ao me contar essa história, disse que já falou diversas vezes com ele, ofereceu ajuda, mas ele não parece muito interessado em deixar essa vida. Fico meio impedido de dar alguma ajuda prática, ele nem me conhece e acho que não gostaria de saber que sua mulher contou essa história a alguém. Ofereci meus ouvidos, dei os meus telefones e estou pesquisando formas de ajuda.



Por que resolvi publicar essa história? Não acredito que ele tenha começado nessa vida já na cocaína, teve algumas bobeirinhas além da bebida, que ele já devia ter experimentado, uma balinha quem sabe, um cigarrinho de maconha,... um dia já não satisfaz mais, chega um dia que precisa partir para algo mais forte, que garanta uma sensação de liberdade maior, e o final é sempre desgraça, perdas e danos materiais e morais, uma família em destroços, alguém sempre chora no final.



Pense antes de experimentar, a droga é uma merda!





domingo, 9 de novembro de 2008

Gays na Paulista (Sobre liberdade sexual)



Estou a tempos ensaiando pra escrever no meu blog, hoje encontrei um estímulo muito forte.

A algum tempo comentei com um amigo o fato de achar bonito os gays poderem andar de mãos dadas na Av. Paulista, e ele, o passageiro, resolveu publicar o diálogo em seu blog, depois de eu mesmo tê-lo feito lembrar-se dessa história.


Pra quem não leu no blog do Marcos, vou reproduzir o diálogo com minhas próprias palavras:


Eu: Amigo, eu acho bonito quando vejo dois homens andando de mãos dadas na Paulista!

Ele: Eu vou achar bonito quando ver dois homens andando de mãos dadas em Itaquera.


Ótimo, pra quem lê assim, um diálogo solto no ar, imagina o diálogo da bichinha fútil com o ser politicamente correto, e esse não é o meu caso, corro de futilidades, me importo com as questões que me afetam e as que afetam todos os cidadãos sejam eles gays ou heteros, ainda vivemos em sociedade, foi isso que aprendi nas extintas aulas de educação moral e cívica.


O fato é o seguinte, continuo achando bonito que gays possam se sentir seguros para andar de mãos dadas na Av. Paulista, eu particularmente não sinto e não me permito fazer isso em lugar nenhum, temo por minha segurança. Ficarei feliz quando ver isso acontecer em qualquer lugar do Brasil, mas será que são mãos dadas o verdadeiro problema que nos aflige?


Vale lembrar que em territórios árabes, onde em muitos países ser gay é ser condenado a morte, é costume dois homens andarem de mãos dadas, é uma questão cultural e totalmente aceitável. Não, não são mãos dadas, o preconceito moral é que ainda causa dano, é ele quem impulsiona perturbados a incendiar pessoas diferentes, quer sejam gays, ou mesmo índios, negros, judeus ou nordestinos.


E como nós temos colaborado pra mudar a visão do mundo em relação ao gay? Fiz o seguinte comentário no blog do passageiro sobre a questão:


"Eu acho sim importante o direito a livre expressão de qualquer pessoa, o direito de demonstrar afeto, tanto na Paulista quanto em Itaquera,... mas se é o próprio gay que vem de todos os cantos de São Paulo para a avenida paulista em dia de parada, demonstrar vulgaridade e promiscuidade, quando deveriam lutar, (com a bandeira da paz), para mostrar a sociedade que é diferente, não é verdade o que falam sobre os gays,... perdoem a redundância, mas temos direito de lutar por nossos direitos, mas não temos direito de usar essa manifestação como banheirão a céu aberto.


Enquanto o gay não agir de forma diferente, me perdoem, ele ainda terá restrições. É uma questão de postura. O mundo precisa nos enxergar de uma forma diferente da imagem das paradas."


Somos culpados pelo preconceito? Não, claro que não!

Precisamos ajudar formar opiniões negativas sobre nossa conduta moral, (que também é um conceito), e pratica de sexo de forma promíscua e sem limites? Também não!


Tudo o que sei é que, se realmente quisermos, temos espaço e uma arma poderosa para fazer valer o nosso direito, a palavra, não o pinto ou a bunda, mas a palavra! Temos visto mudança, há ainda muito que conquistar, mas já vemos ares de esperança pra futuras gerações, vejo isso na Paulista, e se a próxima geração puder descer a consolação e chegar ao centro, já me darei por satisfeito. Podemos criar leis que nos protejam, mas não se muda a cultura de um povo da noite para o dia.