quinta-feira, 20 de novembro de 2008

andanças...


Tenho uma conta no sônico e um dia, enquanto conectado, alguém resolveu me adicionar. Um rapaz de uma cidade no interior de Santa Catarina. Assim que ele fez a solicitação aprovei o seu pedido de amizade e mandei uma mensagem de boas vindas, que foi respondida por ele imediatamente.


Passamos a teclar no msn logo em seguida, papeávamos muito, nos identificamos em vários pontos em comum. Perguntei sua idade, 36 ele respondeu, e depois de sempre me relacionar com gente de mais idade, achei que aquela seria uma oportunidade de estar com alguém da mesma faixa, acreditanto que os pensamentos seriam parecidos, sei lá, uma mesma geração já que hoje tenho 33 anos. O fato de morar longe pra mim era bem tentador, sabe aquele lance de não ter pegação de pé, de você poder sair sem ter que dar satisfação, de se divertir sozinho, (sem necessáriamente ter que aprontar), enfim, fazer o que se tem vontade na hora que bate a vontade.


Nós falamos por um mês por telefone e internet, então resolvemos nos conhecer pessoalmente e fui fazer uma de minhas viajens, andanças. Cheguei, eu já o conhecia por fotos, mas... aquele rostinho "experiente" não tinha 36 anos, ou se tratava de alguém muito sofrido que trabalhava de sol a sol em uma plantação de mandioca, sei lá, mas não dei importância ao fato, haveria uma explicação que eu saberia a diante.


Foram três dias agradáveis, percebi muita carência por falta de companhia, eu adoro carinho, mas não a todo momento, achei que era coisa do momento, que ia se adequando com o tempo e deixei pra lá. Agora, tinha algo que me incomodava, os diminutivos, gostosinho, bunitinho, fofinho, ui, ui, ui... aquilo me tirava do sério. Eu precisei falar, senão não ia pra frente, quis salvar o relacionamento no início. Bem, ele disse que se policiaria e eu acreditei. Voltei pra casa e continuamos nos falando.


No meio das conversas, o assunto idade estava me incomodando, resolvi perguntar e ele disse que precisava mesmo falar comigo sobre o assunto, e que na verdade ele tinha 47 anos, 11 a mais! Eu perguntei porque ele havia mentido, ele disse que não sabia se a relação iria pra frente e sei lá, resolveu mentir mas se sentia mal por isso. Deixei pra lá.


De repente um assunto me incomodou, ele sugeriu que eu fosse morar com ele, contei a minha história, do relacionamento rompido por ter saído da minha cidade pra morar em outro lugar e disse que isso não iria acontecer, se ele quisesse mesmo, teria de ser da forma como estava, o que pra mim estava muito bom.


Quase um mês se passou, sobrou um tempo entre trabalhos e resolvi passar alguns dias com ele, uma semana pra ser mais exato, e foi bom isso ter acontecido, muita coisa foi esclarecida a partir de minha chegada. Primeiro, percebi que os excessos de mimo e os diminutivos persistentes continuavam, comecei a imaginar como seria uma semana inteira com aquilo. Depois, eu sentava na internet pra conversar com os amigos e ele ficava lendo, isso me perturbava, a falta de confiança me desorientava de tão descabida que era. Eu não passava o dia na internet, separava 30 minutos para isso num dia de 24 horas. Adicionei o amigo de um amigo no orkut, que por sinal namora e é muito feliz em seu relacionamento, ele não entendia o motivo, não tinha motivo, nós nos falamos e pronto, começamos a falar por msn, isso com ele ao lado. O rapaz gosta de explorar cavernas, é amante da espeleologia, e falamos unicamente sobre isso, ele observava tudo atentamente. Por fim o estupim, chamei um grande amigo de lindo no orkut, pra ele foi a gota dágua, se levantou espumando, fez uma piadinha infame e se trancou no banheiro. Tão rápido como bateu a porta e trancou, destrancou e abriu novamente, disse que precisava falar. O que ví em seus olhos naquele momento definiram o termino de nosso relacionamento, tratava-se de uma pessoa totalmente passional, e corro desse tipo de relacionamento, sou expansivo, não sirvo pra viver exclusivamente pra ninguém.


Ele disse que não entendia esse meu tratamento com as pessoas, eu chamo os meus amigos de lindo, de bonitão, de amor e que se não tinha mudado em 33 anos, não seria hoje que faria diferente, muito menos por ele. Chegou ao extremo de dizer que estava achando aquele papo com o "homem das cavernas", seria um disfarce para ele acreditar que não havia nada entre nós. Oras, eu vivo em São Paulo, o paraíso das possibilidades para os gays, o rapaz também vive aqui. Acha que eu viria até Santa Catarina pra fazer isso na frente dele? Ele pediu desculpas, mas percebi que era apenas pra não me perder, ele também leu nos meus olhos a palavra acabou. Conversei com ele no dia seguinte e disse que não dava, essa não era a vida que eu queria levar, ele pediu pra eu não fazer isso, disse que era geminiavo, (o que isso tem a ver?), que era praticamente um camaleão, que se adequava fácilmente.


Eu não podia ir embora aquele dia, fui inventar de fazer um mosaico pra ele, bem grande por sinal, e não queria deixar o trabalho pela metade, resolvi levar aquilo em banho maria até terminar o que havia começado. Sexta-feira chegou, terminei o trabalho. Já tinha visto os horários de ônibus, só tem um ônibus pra São Paulo por dia, e o daquele dia já estava lotado, não suportava ficar mais um dia naquele lugar, lembrei-me de uma amiga que é uma irmã pra mim, ela tem amigos em Florianópolis, sairia um ônibus da cidade em que estava para Floripa às 06 da manhã e essa era a oportunidade de sair de lá, o ônibus de Floripa pra São Paulo sairia às 18 horas, Paulinha falou com seus amigos e eles sem pestanejar aceitaram me receber para dar o horário da conexão.


Bem, fui comunicar minha decisão, ele me olhou com aquele mesmo olhar, disse que não entendia, mas tentou demonstrar um pouco de instabilidade emocional, disse que não era tão apegado ainda e que não seria difícil me esquecer. O ônibus sairia no sábado pela manhã, dormi com um olho aberto e outro fechado aquela noite, coloquei o celular pra despertas às 04 da manhã, parece que pisquei os olhos e o celular despertou. Ufa... que alívio, estava vivo e poderia sair dali.


Entrei no ônibus e durante a viajem começei a receber mensagens com insultos, coisas de adolescente passional, me sentia aliviado por não estar alí, minha vida estava em segurança, ignorei os insultos. Minha chegada em Florianópolis foi excelente, de cara encontro com a Silvana, uma manezinha da ilha que tem alegria por sobrenome, foi me buscar para levar a casa do Carlos, um outro amigo querido. O que era para ser uma conexão tornou-se um final de semana dos melhores, mas isso é assunto para um outro dia...

9 comentários:

Marcos Freitas disse...

Que aventura, depois do choro, vem a bonança, fico pensando, será se um dia ele encontrará alguém que aguente todos esses mimos, esse sofocamento? Acho que nem a mais carente pessoa aguentaria, você acha que ele aguentaria? Deveria ter feito o teste.

Willians disse...

Que é isso, eu mesmo teria morrido enterrado em uma montanha de açucar ou afogado em creme de chantily!

Charles Bordin disse...

Ahh! Vc tb é blogueiro!!! Adorei a visita... cabeça de 33, rostinho de 23...Abraços e a gente se fala!!!

VIADAGEM E A TRANSGRESSÃO POÉTICA disse...

Confessa, vai... se o sujeito tivesse
te agradado logo de cara , você bem que gostaria dos mimos e da doçura. E, quando é a gente que gosta, a gente também tende a ser sufocante, ao menos no início. Portanto, atire a primeira pedra...
Agora, por que é que tudo tem que ir tão rápido? Conhece um dia e logo já chama para morar junto?
Ainda bem que eu não acredito mais em "namoros", não da forma como a sociedade heterossexual nos ensina, mera reprodução de papéis.
Abração,beijão e encoxada
Ricardo
aguieiras2002@yahoo.com.br

Willians disse...

Sabe que se ele tivesse me agradado de cara, ainda assim, tudo o que é demais... como respondi ao Passageiro, é enjoativo. Eu me conheço, não duraria muito. A pressa é demonstração de desespero, não me prestaria a ocupar espaço na vida de um desesperado. Mas não digo nunca, hoje não quero algo assim, o que me tornarei amanhã não sei.

[Farelos e Sílabas] disse...

...

Rapaz, que história! E quanto aprendizado!

Sem ar o que resta ao ser humano pra respirar?

Ares de liberdade. Isso tem a ver com confiança. A começar por si.

Parabéns pelos vôos alçados, todos eles com pés no chão.

Quanto ao cidadão infantilizado no ser, pelo que vi a vida ainda lhe será uma longa estrada-aprendizado...

...

Sil disse...

e o resto da hsitoria..pra qndo é??rsrsrs...bjos

J. M. disse...

Nossa... Complicado, viu amigo. Mas esses são contratempos da internet. Na net, as pessoas mostram e dizem o que querem, porém, no contato pessoal, a coisa ás vezes muda, e nem sempre pra melhor...rs
Mas fica a lição...para a próxima.
Abração...

Leandro® disse...

Nossa....esse ai é aquele de quando estavamos conversando no msn né?

E quanto ao inho....confesso que isso me irrita...

bjo na bunda Will hahahahaha